quinta-feira, 16 de julho de 2009

"Se não fossem as algas, que saberíamos da alegria?" um poema de Maria Azenha



faz tempo as algas tinham braços
e reflectiam as asas da água em flores marinhas
inebriadas em redor pelo fósforo dos peixes
que direccionavam faróis para as gemas das ilhas,
faz tempo cruzavam a eternidade
a poesia e a língua dos corais em ritmo e harmonia
e vinham dar à praia na cinza prateada da areia
fundeadas por âncoras e cílios de auroras

faz tempo os amantes vinham partindo e chegando
em rosas da tarde em dulcíssimos navios na nave do dia
e recolhiam a luz do silêncio imortal entre esta e a outra vida.

faz tempo os humanos percorriam as pálpebras do céu
entre folhas de sol e abrigos de mel
e eram estrelas
e ampliavam uma nova língua,

se não fossem as algas, que saberíamos da alegria?

maria azenha 2009-06-23
* Retirado do blog Bosque Azul de Maria Azenha

3 comentários:

Memória transparente disse...

Mais um belo poema na partilha deste pousio.

Jefferson Bessa disse...

é sim, Maria! É um lindo de poema de Maria Azenha...é sempre um prazer ler esse poema - é lindo!

Um beijo.
Jefferson.

Anônimo disse...

Obrigada Jefferson.

abraços,

maria