domingo, 9 de maio de 2010

Para uma girafa: um poema de Marianne Moore


Se é ilícito, para não ser fatal
ser pessoal, e indesejável

ser literal - prejudicial também se
o olho não é inocente - quer dizer que

só se pode viver nas folhas mais altas
alcançável apenas pelo bicho mais alto? -

dos quais as girafas é o melhor exemplo
o animal inconvencional/inconversacional*.

Quando atormentada pelo psicologizável,
uma criatura que teria sido irresistível

pode ser insuportável;
ou, para ser exata, excepcional

ou menos convencional/conversacional
do que certos animais emaranhados no emocional.

......Afinal
as consolações da metafísica podem ser
profundas. Em Homero, a existência

é uma falha; a transcendência, condicional;
"a jornada do pecado à redenção, perpetual".

* Ana C. não se decidiu entre (in)convencional e (in)conversacional (versos 8 e 13)

tradução: Ana Cristina César

TO A GIRAFFE

If it is unpermissible, in fact fatal
to be personal and undesirable

to be literal — detrimental as well
if the eye is not innocent — does it mean that

one can live only on top leaves that are small
reachable only by a beast that is tall? —

of which the giraffe is the best example —
the unconversational animal.

When plagued by the psychological,
a creature can be unbearable

that could have been irresistible;
or to be exact, exceptional

since less conversational
than some emotionally-tied-in-knots animal.

....After all
consolations of the metaphysical
can be profound. In Homer, existenceis

flawed; transcendence, conditional;
“the journey from sin to redemption, perpetual.”

Um comentário:

Amélia disse...

Dada a dificuldade de tradução sentida pela tradutora - grande poetisa - gostaria de, se poss+ivel me ser facultado o origibal...Será?