domingo, 7 de dezembro de 2014

A CONVALESCENTE: POEMA DE RILKE






Como a canção que vem e vai na rua,
que chega perto e logo mais decresce,
quase inaudível, alça-se e flutua
e depois outra vez desaparece,

a vida brinca na convalescente,
enquanto débil, em seu leito, mal-
azada, como quem se entrega, ausente,
ela perfaz um gesto inusual.

E é quase sedução o que ela sente
quando a mão rígida, que o fogo obscuro
da febre já incendiou, suavemente,
de longe, como que um toque florescente,
consegue acariciar-lhe o queixo duro.

tradução Augusto de Campos

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