quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A PEDRA: um poema de Vítor Solteiro








(a meus pais)

Com a enxada da palavra
cavo a leira dos rebentos.
Por vezes, a lâmina das sílabas
faísca numa pedra mais agreste
escondida debaixo da terra.
Apanho-a e perscruto-a
com curiosidade de geólogo.
É uma pedra de múltiplas faces.
Contudo, só uma reluz quando lhe toco.
Mas é a aresta mais obscura e rugosa
a que me interpela.

Texto e fotografia de Vítor Solteiro. Seu blog: Arquitectura das Palavras

2 comentários:

Unknown disse...

Jefferson!

Lindo esse poema que imita a vida. É sempre a aresta mais obscura, o filho mais doente, que nos interpela.

Fantástico!

Beijos

Mirze

Maria Azenha disse...

o trabalho interior sobre a pedra do nosso Ser...olhando para o que aparentemente é mais obscuro...

não importa o que se escolhe para ver com os olhos da alma...
Um novo Carlos de Oliveira:)
gosto muito.

Beijos

Mariah