quinta-feira, 26 de abril de 2012

UM POEMA DE MANOEL DE BARROS




Carrego meus primórdios num andor.
Minha voz tem um vício de fontes.
Eu queria avançar para o começo.
Chegar ao criançamento das palavras.
Lá onde elas ainda urinam na perna.
Antes mesmo que sejam modeladas pelas mãos.
Quando a criança garatuja o verbo para falar
o que não tem.
Pegar no estame do som.
Ser a voz de um lagarto escurecido.
Abrir um descortínio para o arcano.

De: O livro sobre nada, poema 6 da 2º parte "Desejar ser".

3 comentários:

Unknown disse...

Manoel de Barros é incrível!!!!!

Não conhecia esse!

Teté M. Jorge disse...

Adoro... junção de natureza e poesia...

Beijo grande, poeta.

Unknown disse...

/gracias por apresentar-me este poema.