O que esperamos na ágora reunidos?
É que os
bárbaros chegam hoje.
Por que tanta apatia no senado?
Os senadores não legislam mais?
É que os
bárbaros chegam hoje.
Que leis
hão de fazer os senadores?
Os
bárbaros que chegam as farão.
Por que o imperador se ergueu tão cedo
e de coroa solene se assentou
em seu trono, à porta magna da cidade?
É que os
bárbaros chegam hoje.
O nosso
imperador conta saudar
o chefe
deles. Tem pronto para dar-lhe
um
pergaminho no qual estão escritos
muitos
nomes e títulos.
Por que hoje os dois cônsules e os pretores
usam togas de púrpura, bordadas,
e pulseiras com grandes ametistas
e anéis com tais brilhantes e esmeraldas?
Por que hoje empunham bastões tão preciosos
de ouro e prata finamente cravejados?
É que os
bárbaros chegam hoje,
tais coisas
os deslumbram.
Por que não vêm os dignos oradores
derramar o seu verbo como sempre?
É que os
bárbaros chegam hoje
e aborrecem
arengas, eloqüências.
Por que subitamente esta inquietude?
(Que seriedade nas fisionomias!)
Por que tão rápido as ruas se esvaziam
e todos voltam para casa preocupados?
Porque é já
noite, os bárbaros não vêm
e gente
recém-chegada das fronteiras
diz que não
há mais bárbaros.
Sem bárbaros o que será de nós?
Ah! eles eram uma solução.
tradução José Paulo Paes
Nenhum comentário:
Postar um comentário