terça-feira, 30 de junho de 2009

Dois poemas de Antonio Botto

Na última carta
Chamavas-me decadente;
E eu achei graça,
Fez-me rir
A tua carta
.
Quiseste insultar-me,
E afinal,
Conseguiste ser gentil.
.
Os homens- Ou os povos;
Saturados
De tudo compreenderem,
Decaem
Quando preferem
Ao gosto austero de criar,
O estéril
E fino deleite
De contemplar o que está feito.
Do livro Dandysmo

***

Quem é que abraça o meu corpo
Na penumbra do meu leito?
Quem é que beija o meu rosto,
Quem é que morde o meu peito?
Quem é que fala da morte
Docemente ao meu ouvido?
- És tu, senhor dos meus olhos,
E sempre no meu sentido.

De As Canções

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