Um soneto de Camões
Tanto de meu estado me acho incerto,
Que em vivo ardor tremendo estou de frio;
Sem causa, juntamente choro e rio;
O mundo todo abarco e nada aperto.
É tudo quanto sinto um desconcerto;
Da alma um fogo me sai, da vista um rio;
Agora espero, agora desconfio,
Agora desvario, agora acerto.
Estando em terra, chego ao Céu voando;
Numa hora acho mil anos, e é de jeito
Que em mil anos não posso achar uma hora.
Se me pergunta alguém porque assim ando,
Respondo que não sei; porém suspeito
Que só porque vos vi, minha Senhora.
5 comentários:
Camões em boa hora!
Por certo, um acerto!
Beijos, querido amigo!
Sempre Camões, sempre.
E tudo é tão imenso...E belo.
abraços
Um gigante! Belo!
Bom encontrar também aqui este outro imperador da língua pátria/mátria/frátria.
Jefferson!
Como eram intensos e simples ao mesmo tempo, os versos desse gênio!
É sempre muito bom sair do Lusíadas e passear por poemas como este.
Uma verdadeira pérola!
Abraços
Mirze
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