Abaixo um trecho de Aos Jovens Poetas de Goethe:
...
(...) Felizmente a nossa poesia encontra-se tão elevada no aspecto técnico, e o mérito de um conteúdo valoroso é tão claro à luz do dia, que vemos surgir manifestações admiravelmente satisfatórias. A situação pode ficar cada vez melhor, e ninguém sabe aonde vai parar. Apenas é preciso que cada um conheça a si mesmo, que saiba julgar a si mesmo, porque aqui não há nenhum parâmetro alheio que possa ajudar.
Digamos em poucas palavras de que isso depende. O jovem poeta deve expressar agora o que está vivo, o que está em ação, numa forma ou noutra. Ele deve eliminar com rigor todo espírito adverso, todo o antagonismo, tudo o que fala contra, e tudo que possa ser negativo: pois disso não se produz nada.
Não sou capaz de aconselhar com seriedade suficiente a meus jovens amigos que eles devem observar a si mesmos. Eles ganham sempre mais em substância poética graças a uma certa facilidade da própria vida. Ninguém pode dá-la para nós; talvez possam obscurecê-la, mas não estragá-la. Toda vaidade, ou seja, toda presunção sem fundamento, torna-se pior se for tomada como tema.
Declarar-se livre é uma grande arrogância; pois se revela ao mesmo tempo o desejo de mandar em si mesmo e quem permite isso? Aos meus amigos, os jovens poetas, digo o seguinte sobre o assunto: agora vocês ainda não têm propriamente norma, e devem dá-la a si mesmos. Perguntem-se a cada poema se ele contém uma vivência, e se tal vivência os faz progredir.
Vocês não progrediram se continuam chorando uma amada perdida pela distância, infidelidade ou morte. Nada disso tem valor, ainda mais se sacrificam assim habilidade e talento.
Uma pessoa resiste atendo-se à vida que continua, e se testa nas ocasiões propícias, pois é então que provamos estar mesmo vivos, e, numa consideração posterior, se estávamos vivos em certo momento.
Tradução de Pedro Süssekind
Digamos em poucas palavras de que isso depende. O jovem poeta deve expressar agora o que está vivo, o que está em ação, numa forma ou noutra. Ele deve eliminar com rigor todo espírito adverso, todo o antagonismo, tudo o que fala contra, e tudo que possa ser negativo: pois disso não se produz nada.
Não sou capaz de aconselhar com seriedade suficiente a meus jovens amigos que eles devem observar a si mesmos. Eles ganham sempre mais em substância poética graças a uma certa facilidade da própria vida. Ninguém pode dá-la para nós; talvez possam obscurecê-la, mas não estragá-la. Toda vaidade, ou seja, toda presunção sem fundamento, torna-se pior se for tomada como tema.
Declarar-se livre é uma grande arrogância; pois se revela ao mesmo tempo o desejo de mandar em si mesmo e quem permite isso? Aos meus amigos, os jovens poetas, digo o seguinte sobre o assunto: agora vocês ainda não têm propriamente norma, e devem dá-la a si mesmos. Perguntem-se a cada poema se ele contém uma vivência, e se tal vivência os faz progredir.
Vocês não progrediram se continuam chorando uma amada perdida pela distância, infidelidade ou morte. Nada disso tem valor, ainda mais se sacrificam assim habilidade e talento.
Uma pessoa resiste atendo-se à vida que continua, e se testa nas ocasiões propícias, pois é então que provamos estar mesmo vivos, e, numa consideração posterior, se estávamos vivos em certo momento.
Tradução de Pedro Süssekind
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