sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Mystica Visio - poema de Augusto dos Anjos


Vinha passando pelo meu caminho
Um vulto estranhamente iluminado...
Para onde eu ia, o vulto ia a meu lado
E desde então, não andei mais sozinho!

Abraçou-me, beijou-me com um carinho
Que a um ser divino não seria dado...
E eu me elevava, sendo assim beijado
Muito acima do humano borborinho!

Falou-me de ilusões e de luares,
Da tribo alegre que povoa os ares...
- Assombrava-me aquela claridade!

Mas através daquelas falsas luzes
Pude rever enfim todas as cruzes
Que têm pesado sobre a Humanidade!

Pau d'Arco, 1905 (O Comércio, 15/09/1905)

3 comentários:

Ianê Mello disse...

Lindo este soneto!

Fiz umas mudanças no blog e criei mais dois.
Dá uma passadinha por lá.

Um abraço.

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

belissimo poema sobre o amor invisível, desconhecido, mas presente!

luan kleyton disse...

Augusto dos anjos é o cara!! Sou fã!