Conheces tu, como eu, a dor saborosa?
E que te faz dizer: "Oh! homem singular!"
— Morrer eu ia. Havia, em minha alma amorosa,
Misto de êxtase e horror, um mal particular;
Desespero e esperança, indiferença ociosa.
Quanto mais a ampulheta eu via a se esvaziar,
Mais a tortura me era atroz e deliciosa;
Meu coração fugia ao mundo familiar.
Eu era como a criança à espera do espetáculo
Odiando o pano como se odeia um obstáculo...
Mas a fria verdade enfim se revelou:
Eu morrera sem susto, e a terrível aurora
Me envolvia. - Mas como? O que então se passou?
O pano já caíra e eu não me fora embora.
Tradução Ivan Junqueira
Um comentário:
excelente, eu nao conhecia este estranho poema
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