Se ainda houver lâmpada
para nosso nervo óptico,
que importa olhar a vida
por um olho exótico?
Ou ficamos assim,
de olhos ocos, à espera
de grande primavera?
ou de algum outro fim?
Temos os olhos ocos
como os das estátuas.
Temos os olhos loucos...
Que fazer agora?
Pedir à terra, ao menos,
que um dia nos coloque,
nas órbitas vazias,
duas rosas frias?
(...)
Temos os olhos ocos
e o espelho em que se esconde
nossa triste figura
já não nos responde.
e o espelho em que se esconde
nossa triste figura
já não nos responde.
O mal não é estar cego
por não ver as coisas.
Não é ter olhos ocos
porque comemos, loucos,
uns aos olhos dos outros.
É o de quem vê as coisas
sem saber que está cego.
É o de quem está morto
sem saber que morreu.
É o de quem carrega
o seu próprio enterro,
sem saber que é o seu.
É o de quem vê tudo,
as cores, as figuras,
mas tem, dentro de si,
uma estrela cega.
Nenhum comentário:
Postar um comentário