Ele caminha e interrompe a cidade,
que não existe em sua cela escura,
como uma escura rachadura
numa taça atravessa a claridade.
Sombras das coisas, como numa folha,
nele se riscam sem que ele as acolha:
só sensações de tato, como sondas,
captam o mundo em diminutas ondas:
serenidade; resistência -
como se à espera de escolher alguém, atento,
ele soergue, quase em reverência,
a mão, como num casamento.
Tradução: Augusto de Campos
Do livro Anjos e coisas de Rilke
2 comentários:
Tem coisas que eu só leio aqui... belo, belo...
Beijos, poeta.
É belo mesmo, Teca! VocÊ é sempre bem-vinda. Beijos.
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