Interrogo a terra
Responde a camélia
com sua fragrância
entranhada em pedra.
Interrogo o amor.
Fala o seio nu,
minha estrela eterna
suspensa na treva.
Interrogo a chuva.
E a resposta pende,
surdo candelabro
em lábios de musgo.
Aos sapos que moram
no úmido crepúsculo
e aos céus que devoram
os nossos resíduos,
a tudo que é coisa
ou forma vivente
oculta em couraça
ou véu transparente
pergunto e respondo.
E escondo o segredo
numa vagem úmida.
Do que se pergunta,
do que se responde,
só há de restar
teu riso exultante,
minha doce e branca
rainha da tarde,
tesouro guardado
em sua bainha.
2 comentários:
E tudo que é belo dialoga com os olhos do poeta.
BELÍSSimo!
abraços e boa semana
Esse é um gigante! Tenho a poesia completa (que não é mais completa devido a requiem) de Lêdo Ivo. Penso que ele seja o maior poeta brasileiro vivo, e o único que merecia ser indicado ao Nobel.
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