Meditação – Gilberto Gil
Dentro de si mesmo
Dentro de si mesmo
Mesmo que lá fora
Fora de si mesmo
Mesmo que distante
E assim por diante
De si mesmo, ad infinitum
Tudo de si mesmo
Mesmo que pra nada
Nada pra si mesmo
Mesmo porque tudo
Sempre acaba sendo
O que era de se esperar
Álbum: Refazenda (1975)
Envolver-se ao infinito é deixar que tudo aconteça no desenrolar desprendido do incomensurável. Meditação que não se quer concluir na composição, porque esta apenas evoca nossa audição para compreendermos suas palavras como o silêncio da atenção perceptiva em direção ao movimento do mundo. Longe ou perto tudo está na mesma trilha da vida a partir do fluxo único e simultâneo entre o interior e o exterior.
Composição feita por “tudo de si mesmo”, que não se propõe a nada além do “nada pra si mesmo”. Tudo, então, ad infinitum, é esse fazer que não é nada e tudo destas palavras. Por isso, no mesmo momento em que a canção surge, passa.
Uma meditação que não aparta o dentro e o fora. Que vê uma continuidade sem fim entre o que há “dentro de si mesmo” ou o que há “fora de si mesmo”. Tem-se uma reunião das oposições que torna qualquer esforço um mesmo momento do que há de infinito no fazer que é o não-fazer. Meditação é um canto que sempre esteve à espera dele mesmo. A espera do que chega no próprio do seu instante. E nós calmamente o esperamos. Uma ação que é a não-ação desta composição de Gilberto Gil que se fez um canto na espera da espera que não poderia ser, pois, outra coisa senão esse texto mesmo – assim surgiu e se esvai. (Jefferson Bessa)
Álbum: Refazenda (1975)
Envolver-se ao infinito é deixar que tudo aconteça no desenrolar desprendido do incomensurável. Meditação que não se quer concluir na composição, porque esta apenas evoca nossa audição para compreendermos suas palavras como o silêncio da atenção perceptiva em direção ao movimento do mundo. Longe ou perto tudo está na mesma trilha da vida a partir do fluxo único e simultâneo entre o interior e o exterior.
Composição feita por “tudo de si mesmo”, que não se propõe a nada além do “nada pra si mesmo”. Tudo, então, ad infinitum, é esse fazer que não é nada e tudo destas palavras. Por isso, no mesmo momento em que a canção surge, passa.
Uma meditação que não aparta o dentro e o fora. Que vê uma continuidade sem fim entre o que há “dentro de si mesmo” ou o que há “fora de si mesmo”. Tem-se uma reunião das oposições que torna qualquer esforço um mesmo momento do que há de infinito no fazer que é o não-fazer. Meditação é um canto que sempre esteve à espera dele mesmo. A espera do que chega no próprio do seu instante. E nós calmamente o esperamos. Uma ação que é a não-ação desta composição de Gilberto Gil que se fez um canto na espera da espera que não poderia ser, pois, outra coisa senão esse texto mesmo – assim surgiu e se esvai. (Jefferson Bessa)
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