"Com a sua ressalva de que, erigindo em escalão para piedosas empresas, como a da recuperação dos lugares santos em Jerusalém, ou para se alcançarem os verdadeiros bens do espírito, esse mesmo ouro, tão infamado pelos homens doutos e prudentes, se faria desejável e era até "excelentíssimo", justificava-se o móvel principal que levava às Índias numerosos aventureiros de todas as nações. Incapazes de atinar com o alcance das delicadezas, muitos irão dar um passo além, só lhes faltando, em verdade, canonizar a própria ganância (grifo meu). Ganância, não apenas de riquezas como ainda de honrarias, aparatos e glórias do mundo, que passam a constituir a meta constante do conquistador castelhano. E assim, até a ventura eterna vem a ter, muitas, para ele, a cor da própria cobiça, com o que se recobre o paraíso, em sua imaginação, de todas as galanterias terrenas".
Do livro Visões do Paraíso de Sergio Buarque de Holanda
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