sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Os gatos: um poema de Charles Baudelaire
Os amantes febris e os sábios solitários
Amam de modo igual, na idade da razão,
Os doces e orgulhosos gatos da mansão,
Que como eles têm frio e cismam sedentários.
Amigos da volúpia e devotos da ciência,
Buscam eles o horror da treva e dos mistérios;
Tomara-os Érebo por seus corcéis funéreos,
Se a submissão pudera opor-lhes à insolência.
Sonhando eles assumem a nobre atitude
Da esfinge que no além se funde à infinitude,
Como ao sabor de um sonho que jamais termina;
Os rins em mágicas fagulhas se distendem,
E partículas de ouro, como areia fina,
Suas graves pupilas vagamente acendem.
Do livro As flores do mal
tradução: Ivan Junqueira
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5 comentários:
MARAVILHOSO!
CHARLES Baudelaire!
Insubstituível!
Mirze
Poesia não se lê, e sim poemas, a não ser em sentido desfigurado. No mais, ótima tradução de um lindo poema. Obrigado por postar. Em que livro ele se encontra nesta tradução, sabe dizer?
Muito obrigado! Estava procurando uma tradução para aduzir em minha postagem, na qual compartilhara um vídeo maravilhoso de A. Z. Foreman com a leitura do original em francês e da tradução inglesa feita por ele, e escolhi seu link como sugestão para quem não domina nenhum dos dois idiomas, para que pudessem fruir deste lindo soneto. Parabéns pelo seu blog!
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