Árvore de Frutos: um poema do angolano António Cardoso
Cheiras ao caju da minha infância
e tens a cor do barro vermelho molhado
de antigamente;
há sabor a manga a escorrer-te na boca
e dureza de maboque a saltar-te nos seios.
Misturo-te com a terra vermelha
e com as noites
de histórias antigas
ouvidas há muito.
No teu corpo
sons antigos dos batuques à minha porta,
com que me provocas,
enchem-me o cérebro de fogo incontido.
Amor, és o sonho feito carne
do meu bairro antigo do musseque!
(No reino de Caliban II - antologia)
3 comentários:
Interessante, o título do poema!
Nunca li nada de poetas angolanos, é a primeira vez.
Achei o máximo ele misturar o sabor das frutas na memória da infância com a mulher amada.
MUITO BOM!
Agradeço, Jefferson!
Beijos
Mirze
Mirze, a mistura a que você se referiu é, para mim, o ponto forte do poema. Dá um corpo a este lugar de infância - o corpo de uma mulher amada. É "um sonho feito carne". Ficou realmente lindo. Infelizmente o acesso a estes poemas não é fácil.
Um abraço.
Grato pelo comentário.
Jefferson.
Nietzsche dizia que o mundo é um imenso pântano e que a arte é a orquídea colorida e bela que nasce no alto da árvore podre.
Digo então que BLOGS DE POESIA SÃO ORQUÍDEAS NO PÂNTANO DA WEB.
Convido a ler poesia da minha autoria, escrita ontem 05/03/2011. Se gostar comente e divulgue:
http://valdecyalves.blogspot.com/2011/03/canto-vida-peregrina.html
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