domingo, 6 de fevereiro de 2011

Eternos atalaias: poema de Cruz e Souza




Os sentimentos servem de atalaias
Para guiar as multidões errantes
Que caminham tremendo, vacilantes
Pelas desertas, infinitas praias...

Abrangendo da Terra as fundas raias,
Atingindo as esferas mais distantes,
São como incensos, mirras odorantes,
Miraculosas, fúlgidas alfaias.

Tudo em que logo transfiguram,
Encantam tudo,tudo em torno apuram,
Penetram, sem cessar, por toda parte.

Alma por alma em toda a parte inflamam.
E grandes, largos, imortais, derramam
As melancólicas estrelas d'Arte!


do livro Últimos Sonetos

5 comentários:

Unknown disse...

Os sentimentos são deveras poderosos e encantadores, sobretudo o amor. Um abraço.

Unknown disse...

Maravilhoso!

à princípio pareceu-me que ele tratava de sentimentos como de caminhos percorrendo a alma.

Nem, os poetas são mais iguais!

Obrigada, Jefferson!

Mais uma aula!

Beijos

Mirze

Jorge N. N. Schemes disse...

Somos movidos mais pelas emoções do que pela razão, o que nos move nesse mundo são os sentimentos, sem eles ficaríamos no mesmo nível dos irracionais! Cruz e Souza é o grande marco da poesia brasileira. Parabéns pela escolha. Abraço, com sentimentos de felicidade.

Luiz Filho de Oliveira disse...

Cruz e Sousa é, mesmo, um grande poeta. Valeu, Jefferson, pela escolha do poema.

Teté M. Jorge disse...

Gostei muito de rever esse poeta... obrigada, querido.

Um beijo terno.