segunda-feira, 18 de abril de 2011

O pássaro: um poema de Octavio Paz


Um silêncio de ar, luz e céu.
Em silêncio transparente
o dia repousava:
a transparência do espaço
era a transparência do silêncio.
A imóvel luz do céu sossegava
o crescimento das relvas.
Os bichos da terra, entre as pedras,
sob a mesma luz, eram pedras.
O tempo no minuto se saciava.
Na quietude absorta
se consumava o meio-dia.

E um pássaro cantou, frágil flecha.
O peito com prata ferido vibrou o céu
Moveram-se as horas,
As relvas despertaram...
E senti que a morte era uma flecha
Que não se sabe quem dispara
E num abrir de olhos nós morremos.

3 comentários:

Unknown disse...

Jefferson!

Octávio Paz tem essa característica de des-construção de fatos normais.

A partir do canto do pássaro, onde o meio-dia nunca é quieto, a vida veio em chama.Comparou o canto à frágil flecha, apesar de tudo vibrar a partir do canto.

"E num abrir de olhos morremos!"

Sensacional!

Beijos, poeta!

Mirze

Teté M. Jorge disse...

Gostei de sentir...
Beijo.

Unknown disse...

Amo esse poema