domingo, 10 de julho de 2011

Vagabundagem: um poema de Arthur Rimbaud




Lá ia eu com as mãos em meus bolsos furados;
O paletó também se tornara irreal;
E sob aquele céu, Musa! eu era teu vassalo;
E imaginava amores nunca imaginados!

Nas calças um buraco e eu só tinha aquelas.
- Pequeno Polegar das rimas, sonhador,
Instalei meu albergue na Ursa Maior.
- Lá no céu o frufru de seda das estrelas...

Eu as ouvia, sentado à beira das estradas,
nas noites boas de setembro, quando o orvalho
revigorava-me a fronte como um vinho;

E em meio às sombras fantásticas, então,
dedilhava, como se fossem lira, os elásticos
de meus sapatos, o pé junto do coração!

tradução Ferreira Gullar

2 comentários:

Unknown disse...

Maravilhoso!

Quando leio Rimbaud, vou ao céu.

"inútil beleza.... por delicadeza, perdi minha vida."

Um dos grandes e inesquecíveis poetas!

Grata, Jefferson!

Beijos

Mirze

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

é o único poeta de que tenho a foto na parede, leitura de sempre