Tome um pouco de azul, se a tarde é clara,
e espere pelo instante ocasional.
Nesse curto intervalo Deus prepara
e lhe oferta a palavra inicial.
Aí, adote uma atitude avara:
se você preferir a cor local,
não use mais que o sol de sua cara
e um pedaço de fundo de quintal.
Se não, procure a cinza e essa vagueza
das lembranças da infância, e não se apresse,
antes, deixe levá-lo a correnteza.
Mas ao chegar ao ponto em que se tece
dentro da escuridão a vã certeza,
ponha tudo de lado e então comece.
2 comentários:
Já conhecia o soneto, que sempre me fez lembrar, a outro nível, o Pour faire le portrait d'un oisau do Jacques Prévert. Gosto de ambos.
Jefferson!
Ando encantada por esse príncipe: Carlos Pena Filho!
Ele fala de uma forma que parece ser quase um rabisco fazer um soneto como este e como o "Desmantelo Azul".
Um poeta com uma simplicidade do tamanho do seu saber.
Sou fã nº1 dele.
Beijos
Mirze
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