quinta-feira, 3 de março de 2011

Um poema de Emily Dickinson

Saí cedo - Meu Cão levei comigo -
Fui visitar o Mar -
Lá do Porão saíram as Sereias
E vieram me olhar -

Da cobertura as Naus me ofereceram
A Encordoada Mão -
Tomando-me talvez por um Ratinho
Sobre a Areia - no Chão -

Mas Ninguém me tocou - até que n'água
A Maré me atingiu
Os Pés - e logo as Coxas - e a Cintura -
E o Peito me cobriu

E eu parecia prestes a afogar-me -
Qual na Flor ao cair
Uma gota de Orvalho fica presa -
E eu resolvi sair -

E Ele - Ele me seguiu com pés de prata
Ainda a me envolver
O Tornozelo - E fez meus Sapatos
De Pérolas se encher -

Até que no Chão duro da Cidade
Um Estranho se achou -
E se curvando - a me fitar Altivo -
O Mar se retirou -

Tradução José Lira

2 comentários:

Tuca Zamagna disse...

Emily é insuperável na prosopopéia, extraindo do caráter das coisas a grandeza que em geral falta aos homens.

Parabéns pelo blog, Jefferson.

Jefferson Bessa disse...

Tuca, obrigado pela visita. Seja bem-vindo!
Abraço.
Jefferson.